O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entrou com um recurso contra a decisão da 7ª Vara Criminal de Brasília, que havia rejeitado parte das acusações contra o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, no caso de manipulação de resultados esportivos.
A iniciativa partiu do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que tenta incluir o crime de estelionato no processo, além de pedir medidas restritivas severas, como:
Proibição total de envolvimento do jogador com atividades financeiras ligadas a apostas;
Suspensão de contratos pessoais com casas do setor;
Aplicação de fiança de R$ 2 milhões;
Bloqueio de contas em sites de apostas;
Impedimento de realizar apostas, diretamente ou por terceiros.
Decisão judicial atual e o novo recurso
A Justiça havia transformado Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, em réus apenas pelo crime de manipulação de resultados, conforme previsto na Lei Geral do Esporte (nº 14.597/2023), cuja pena varia de 2 a 6 anos de prisão e multa.
No entanto, o Ministério Público quer ampliar as sanções e argumenta que o afastamento dos réus do ambiente de apostas é essencial para evitar reincidência.
“A proposta é impedir que os acusados usem novamente o mesmo cenário para práticas criminosas, como ocorreu no passado”, afirma o MPDFT.
O órgão reforça que as medidas atingem apenas contratos pessoais do jogador e não interferem em acordos publicitários firmados diretamente pelo Flamengo.
Como funcionava o suposto esquema
Segundo a acusação, Wander orientou o irmão a forçar um cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos, no dia 1º de novembro de 2023. Após a confirmação do atleta, o plano teria sido repassado a um grupo de apostadores.
Durante o jogo, Bruno Henrique recebeu o cartão amarelo conforme esperado, e depois foi expulso ao xingar o árbitro.
As casas de apostas registraram movimentações fora do padrão, com mais de 95% das apostas concentradas nesse evento específico.
Betano: 98% das apostas focadas no cartão de Bruno Henrique;
GaleraBet e KTO: números semelhantes, indicando forte direcionamento.
Bruno Henrique pode ser julgado pelo STJD
Além do processo na esfera criminal, o jogador será julgado pela Justiça Desportiva. O caso será analisado pela 1ª Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), com julgamento previsto para os dias 1º ou 8 de setembro.