Mais de 11 Mil acoes judiciais movidas contra casas de apostas no Brasil desde 2022
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Ações contra casas de apostas disparam no Brasil e já somam mais de 1.100 processos desde 2022

27 mai., 2025

Levantamento da Predictus revela que maioria dos casos está relacionada a prêmios não pagos e saques negados

Especialista em apostas

O número de ações judiciais contra casas de apostas no Brasil cresceu de forma exponencial nos últimos três anos, acompanhando a popularização do setor no país. Segundo levantamento inédito realizado pela Predictus, plataforma especializada em dados judiciais, 1.156 processos foram movidos contra operadoras de apostas desde 2022 em tribunais brasileiros.

O aumento é impressionante: em 2022, foram registradas apenas 21 ações. Já em 2025, apenas até o primeiro semestre, esse número saltou para 554 processos, representando um crescimento de 2.538% em apenas três anos.

São Paulo lidera número de processos; Bahia chama atenção

Os dados mostram que São Paulo lidera o ranking de estados com o maior número de ações, com 291 processos registrados. Em seguida aparecem:

  • Rio de Janeiro – 167 processos

  • Bahia – 125

  • Minas Gerais – 119

Juntas, essas quatro unidades federativas concentram 60% de todas as ações movidas contra casas de apostas no país. Segundo a Predictus, a distribuição acompanha o tamanho dos mercados consumidores, com uma exceção curiosa: a Bahia, mesmo com população menor que Minas, tem mais ações, o que pode indicar maior propensão ao jogo entre os baianos.

Disputa por pagamentos lidera as reclamações

A maior parte das ações está relacionada a problemas de pagamento, especialmente prêmios não pagos e saques bloqueados. De acordo com os relatos dos apostadores, mesmo após ganharem apostas dentro das regras da plataforma, muitos não conseguem realizar o saque dos valores.

As operadoras, por sua vez, alegam descumprimento de termos de uso ou comportamento suspeito por parte dos usuários para justificar o bloqueio de pagamentos.

A maioria dos processos ainda não teve decisão final

Das mais de mil ações identificadas desde 2022, cerca de 80% ainda tramitam nos tribunais. Das 103 que já foram julgadas, os dados da Predictus apontam que:

  • 55% foram consideradas improcedentes (o apostador perdeu a causa)

  • 45% deram ganho parcial ou total ao consumidor

  • 3% dos casos foram encerrados por acordo entre as partes

Esse cenário revela um ambiente judicial ainda em construção para o setor, com decisões divididas e muitos processos pendentes, refletindo a recente regulamentação das apostas no país.

Desde que o mercado de apostas de quota fixa passou a ser regulamentado oficialmente em janeiro de 2025, a relação entre operadoras e consumidores passou a receber mais atenção das autoridades e da imprensa.

Além das ações judiciais individuais, CPIs no Congresso Nacional e projetos de lei sobre publicidade e transparência têm colocado o setor sob os holofotes, pressionando as operadoras a reforçarem suas políticas de atendimento, prevenção a fraudes e cumprimento de regras.