Comissao mista aprova MP para compensar IOF e retira do texto aumento de tributacao das casas de apostas
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Governo avança com nova MP sobre apostas e arrecadação pode chegar a R$ 17 bilhões em 2026

8 out., 2025

Proposta retira aumento de imposto sobre operadoras e busca compensar receitas com repatriação e regularização fiscal

Especialista em apostas

Após intensos debates entre o Ministério da Fazenda e o Congresso, a nova Medida Provisória (MP) sobre tributação de apostas e operações financeiras avançou nesta terça-feira (7), com aprovação pela comissão mista por 13 votos a 12. O texto segue agora para votação nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.

A MP apresentada como alternativa ao antigo decreto do IOF, considerado inconstitucional, mantém a tributação das apostas esportivas, mas elimina o aumento de imposto sobre as operadoras, decisão que havia causado atrito entre o governo e o setor.

Segundo o relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o texto busca equilibrar o orçamento federal para 2026, sem desestimular a atividade de apostas regulamentadas. O parlamentar destacou que, com as concessões feitas ao setor, a nova previsão de arrecadação é de R$ 17 bilhões até o fim de 2026, abaixo dos R$ 20,8 bilhões inicialmente estimados.

Casas de apostas seguem tributadas, mas com ajustes

Um dos principais pontos do texto aprovado é a manutenção da alíquota de 12% sobre a receita bruta das casas de apostas, sem acréscimo adicional, conforme proposta anterior do Ministério da Fazenda. A medida foi celebrada por representantes do setor, que temiam uma elevação para 18%.

Além disso, a MP incorpora o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT Litígio Zero Bets), que permitirá a repatriação de valores enviados ao exterior por operadoras que ainda não haviam regularizado suas atividades no Brasil.

O programa prevê taxação de 15% sobre o montante declarado, com expectativa de arrecadar R$ 5 bilhões, equivalente a cerca de três anos de tributação ordinária do setor.

Zarattini reforçou que o mecanismo “garante ao governo uma receita imediata sem comprometer o equilíbrio econômico das plataformas licenciadas, que já enfrentam aumento de custos com compliance e auditorias”.

Impacto fiscal e consenso político

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo chegou a um consenso com os líderes partidários para garantir a aprovação da MP. Segundo ele, as mudanças foram necessárias para evitar uma queda abrupta de arrecadação, após a exclusão do IOF sobre apostas.

“Estamos diante de um acordo político importante. A retirada do aumento do imposto foi compensada por medidas de repatriação e ajustes em outros pontos da MP. O objetivo é preservar a estabilidade fiscal e dar previsibilidade ao setor regulado”, declarou Haddad.

O ministro também destacou que parte da arrecadação será destinada ao Fundo Nacional do Esporte e a programas de saúde mental e prevenção ao vício em jogos, reafirmando o compromisso do governo com práticas responsáveis no mercado de apostas.

Prazo e próximos passos

A MP tem validade imediata, mas precisa ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado até quarta-feira (8) para não perder eficácia. Caso aprovada, o governo deverá publicar em até 30 dias o decreto regulamentando o RERCT Bets e os novos parâmetros fiscais do setor.

Com a aprovação iminente, o Brasil avança em mais uma etapa do processo de regulamentação completa das apostas online, que já se tornou uma das principais fontes de arrecadação emergente do país em 2025.