O combate à manipulação de competições esportivas e o fortalecimento da integridade no esporte foram os principais temas do quarto painel do Seminário Internacional sobre Integridade e Prevenção à Corrupção no Esporte, realizado na última quarta-feira (22/1). O evento contou com a participação do secretário nacional de Apostas Esportivas e Desenvolvimento Econômico do Esporte, Giovanni Rocco, que destacou a importância de regulamentações sólidas para enfrentar o problema.
“Em todas as atividades esportivas, é fundamental garantir um ambiente justo para atletas, torcedores e equipes. Já temos ações fortes nesse sentido, com foco na proteção da integridade e em resultados genuínos”, afirmou Giovanni.
Entre as medidas apresentadas pelo secretário, estão processos administrativos ágeis para apurar casos de manipulação e o uso de tecnologia de inteligência com base em dados, como o Cadastro de Pessoas Físicas, para combater as práticas ilegais.
Atuação de clubes e operadoras é fundamental
O coordenador-geral de Monitoramento de Lavagem de Dinheiro e Outros Delitos do Ministério da Fazenda, Frederico Alves Soares Justo, também participou do painel e reforçou a necessidade de engajamento de clubes e operadores de apostas nesse movimento. “O esporte é uma ferramenta de iniciação social. Precisamos de união e esforço contínuo para implementar essa regulamentação, mas ainda vemos uma participação tímida do setor privado”, afirmou.
O debate contou ainda com a presença virtual de especialistas internacionais, como Martin Purbrick, presidente do Conselho Antiapostas Ilegais e Crimes Relacionados, da Federação Internacional de Autoridades de Corridas de Cavalos, e Jason Whybrow, diretor de Apostas Esportivas e Manipulação de Competições da Sport Integrity Australia.
O seminário reforçou a importância de cooperação global, compartilhamento de boas práticas e avanços tecnológicos para enfrentar as apostas ilegais e preservar a integridade no esporte.
Casos recentes de manipulação de resultados
Em 2024, o futebol brasileiro enfrentou diversos escândalos relacionados à manipulação de resultados e apostas ilegais, envolvendo jogadores de destaque. Um dos casos mais notórios foi o do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, que se tornou alvo da Operação Spot-fixing, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o jogador teria forçado a aplicação de cartões amarelos durante uma partida contra o Santos, em novembro de 2023, para beneficiar apostadores.
Outro caso de grande repercussão envolveu Lucas Paquetá, meio-campista do West Ham e ex-jogador do Flamengo. Paquetá foi investigado pela Federação Inglesa (FA) sob suspeita de participação em esquemas de apostas na Premier League. As acusações indicam que ele teria recebido cartões amarelos intencionalmente em quatro partidas para favorecer apostadores.
Além disso, surgiram relatos de que parentes do jogador teriam transferido somas significativas de dinheiro para Luiz Henrique, outro atleta envolvido em escândalos de manipulação de resultados.
Esses episódios evidenciam a necessidade urgente de medidas rigorosas para combater a manipulação de resultados no futebol. As autoridades esportivas e policiais estão intensificando esforços para identificar e punir os envolvidos, visando preservar a integridade das competições e a confiança dos torcedores.