A Blaze, plataforma de apostas online licenciada para operar no Brasil, confirmou à Polícia Federal que cinco apostas foram realizadas em sua plataforma com o objetivo específico de prever que o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, receberia um cartão amarelo em partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023.
As cinco apostas somaram R$ 1.948 em valor investido e geraram um retorno total de R$ 5.844 para os apostadores, segundo os dados fornecidos pela empresa às autoridades.
PF já indiciou Bruno Henrique e mais 10 pessoas
O atacante foi formalmente indiciado pela Polícia Federal em abril de 2025, junto a outras dez pessoas, por fraude esportiva e estelionato. A investigação aponta que parte dessas apostas foram feitas por familiares próximos, como irmão, prima e cunhada do atleta, e outra parte por pessoas de fora do círculo familiar, mas que estariam conectadas ao esquema.
Detalhes das apostas feitas:
Douglas Ribeiro: duas apostas – R$ 64 (ganho de R$ 192) e R$ 150 (ganho de R$ 450)
Rafaela Cristina: apostou R$ 634 e recebeu R$ 1.902
Claudinei Vitor: investiu R$ 600 e ganhou R$ 1.800
Andryl Sales: apostou R$ 500 e recebeu R$ 1.500
Mensagens de WhatsApp indicam possível conluio
As evidências da PF incluem trocas de mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, que sugerem conhecimento prévio do cartão amarelo. Em um dos trechos analisados, Wander pergunta se o jogador “aguentaria até a data sem receber um cartão”. Bruno teria respondido que só levaria o amarelo se "entrasse forte em alguém", ao que o irmão teria dito que iria "guardar dinheiro", referindo-se a uma aposta programada para o jogo contra o Santos.
Para os investigadores, essas conversas indicam planejamento deliberado do ato em campo, configurando manipulação de resultado.
Posicionamento da Blaze
Em nota oficial, a Blaze reafirmou sua colaboração total com a investigação e destacou que forneceu as informações solicitadas dentro dos limites legais previstos no Marco Civil da Internet e na Lei de Lavagem de Dinheiro.
“A Blaze repudia qualquer tentativa de fraude esportiva e está comprometida com a integridade dos jogos e com o cumprimento rigoroso das leis brasileiras”, informou a empresa.
A plataforma ainda ressaltou que atua regularmente no país e está licenciada pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, sendo, portanto, obrigada a manter padrões rígidos de conduta e transparência.
O caso reforça os alertas das autoridades sobre fraudes em apostas esportivas, um tema que vem ganhando destaque após a regulamentação oficial do setor em janeiro de 2025. A CPI das Apostas, que segue em curso no Senado Federal, também tem investigado possíveis redes de manipulação envolvendo atletas, influenciadores e plataformas de apostas.
A Polícia Federal deve concluir o inquérito nos próximos meses, podendo haver novos desdobramentos, inclusive com denúncias formais ao Ministério Público Federal e possíveis punições esportivas e criminais para os envolvidos.