Em meio à discussão no Congresso Nacional sobre o projeto que visa restringir a publicidade de casas de apostas, clubes da Série A do Campeonato Brasileiro divulgaram uma nota conjunta alertando para o risco de “colapso financeiro” no futebol brasileiro caso a medida avance.
O movimento surgiu como reação ao Projeto de Lei 2.985/2023, de autoria do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), relatado por Carlos Portinho (PL-RJ), que restringe a propaganda de apostas esportivas e impede o uso de atletas, influenciadores e figuras públicas em campanhas de marketing. A proposta foi aprovada no Senado e agora segue para a Câmara dos Deputados.
Clubes se mobilizam em defesa dos patrocínios
A manifestação reúne gigantes como Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Internacional, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro, Juventude, Fortaleza e Ceará, que assinaram uma declaração publicada nesta semana para reafirmar a importância dos acordos comerciais com operadoras de apostas. Juntos, os clubes alertam que o fim desse tipo de publicidade ameaça a sustentabilidade financeira do futebol nacional.
“Essa proposta representa um possível colapso de todo o ecossistema do esporte”, diz o documento.
A nota ainda argumenta que os acordos firmados com casas de apostas são hoje parte vital do modelo de financiamento dos clubes, ajudando a cobrir salários, estrutura e categorias de base. Além disso, os clubes destacam que o setor é regulamentado e opera sob supervisão da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda.
Flamengo vira alvo de críticas da própria torcida
A posição do Flamengo foi uma das que mais repercutiram, e não de forma positiva. Nas redes sociais, ao defender o patrocínio de apostas, o clube foi criticado por parte de sua torcida, que ironizou o tom alarmista da nota conjunta.
“Futebol funcionou mais de um século sem essa porra”, comentou um torcedor no X (antigo Twitter).
“Se liga, Mengão. Isso é só pressão para manter grana de patrocinador”, escreveu outro.
Projeto prevê restrições amplas à publicidade
O texto aprovado no Senado prevê restrições severas à publicidade de apostas, incluindo:
Proibição de anúncios durante transmissões esportivas ao vivo
Vedação ao uso de atletas e influenciadores em campanhas
Restrições à propaganda em estádios, salvo exceções com patrocinadores oficiais
Limitações ao horário e formato de veiculação em TV, rádio e internet
Proibição de qualquer conteúdo que sugira aposta como alternativa financeira
As regras preveem período de transição de 90 dias para TV e artistas e 1 ano para adequação nos estádios.
Próximos passos
O projeto agora será analisado por comissões da Câmara dos Deputados antes de ser votado em Plenário. O clima é de tensão entre os representantes do futebol e o Congresso, e os clubes prometem pressionar pela revisão da proposta, buscando proteger uma das principais fontes de receita do esporte brasileiro nos últimos anos.