Haddad critica bets
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Haddad dispara contra o setor de apostas: “Se surgisse um projeto para proibir, eu apoiaria”

22 jul., 2025

Em entrevista polêmica, ministro da Fazenda classifica o cenário atual como “uma desgraça” e defende tratar as apostas como questão de saúde pública

Especialista em apostas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar duramente o setor de apostas online no Brasil, durante uma entrevista ao economista Eduardo Moreira, fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL). Em tom incisivo, Haddad afirmou que apoiaria a proibição completa das apostas no país, caso surgisse um projeto de lei com essa proposta.

“Se aparecesse um projeto na Câmara para proibir as bets, eu apertaria o botão do 'para'. Não tem arrecadação que justifique essa roubada que nós chegamos”, declarou o ministro.

A declaração foi feita após Moreira apresentar dados alarmantes sobre o impacto social das apostas, mencionando que cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam sintomas de vício em jogos, sendo a maioria com menos de 40 anos.

“Uma desgraça”: Haddad critica falta de controle e impacto social

Haddad apontou que, ao assumir o Ministério, encontrou um cenário de absoluto descontrole, sem regras claras de tributação, rastreamento de operações financeiras ou limites de publicidade.

“Cheguei ao Ministério com uma epidemia posta. Os caras passaram quatro anos sem cobrar imposto, sem regular nada. Foram R$ 40 bilhões que saíram do país para o exterior”, afirmou.

Segundo ele, a equipe econômica passou os últimos seis meses estruturando sistemas informatizados para mapear o mercado de apostas e agora possui dados concretos para apresentar à Presidência da República.

Governo quer envolver Polícia Federal e Banco Central

Dentre as preocupações centrais estão lavagem de dinheiro, uso de fintechs como intermediárias ilegais, e a ausência de fiscalização eficaz sobre os cassinos online. Haddad disse que a Polícia Federal será envolvida no debate, e que o Banco Central já está sendo informado sobre fintechs suspeitas de conexão com apostas ilegais.

“Tem crime por trás. Fintech mais bet igual a lavagem de dinheiro. Vamos tratar isso como problema de saúde pública”, reforçou.

“No mundo ideal, esse setor não existiria”, diz ministro

Em tom pessoal e contundente, Haddad afirmou que, se dependesse exclusivamente dele, o setor de apostas seria encerrado no Brasil:

“No mundo ideal, isso seria proibido. Eu apertaria o botão do 'para' na hora. É muito ruim o que está acontecendo com as famílias.”

A declaração aprofunda a tensão entre o governo e um setor que hoje opera de forma legalizada, é regulado pela SPA/MF (Secretaria de Prêmios e Apostas), gera milhares de empregos e movimenta bilhões anualmente em impostos e patrocínios no esporte nacional.

Impacto no mercado regulado

A fala do ministro gerou repercussão imediata entre operadores legalizados e analistas do setor. Para muitos, as declarações colocam em dúvida o compromisso do governo com a regulamentação em vigor, estabelecida justamente para enfrentar os problemas citados, como vício, evasão de divisas e crimes financeiros.

Empresas que operam sob licença federal já são obrigadas a seguir protocolos rigorosos de identificação por CPF, jogo responsável, controle financeiro e auditoria contínua.

Você pode conferir a entrevista completa abaixo: