Em 2025, o mercado de casas de apostas no Brasil passou por uma grande mudança. Com a nova regulamentação da apostas, o setor passou a ter de operar com restrições bem definidas, como a proibição dos bônus de boas-vindas e novas regras de publicidade.
O futebol, principal paixão nacional, já passava por uma grande transformação em relação às casas de apostas. Contratos milionários já existiam desde antes da regulamentação, porém com um cenário mais fiscalizados, as empresas precisaram focar suas estratégias em aumentar a confiança do público e reforçar o nome das marcas.
Neste estudo realizado pelo BDA Brasil em parceria com o Apostas Brasil (dois projetos com assinatura Leadstar Media), temos como objetivo mapear e analisar e forma aprofundada como as casas de apostas passaram a atuar dentro do futebol nacional, explorando sua presença nos clubes, os valores dos contratos de patrocínio e a estratégia de expansão por meio de embaixadores e campanhas publicitárias em TV e internet.
Como os dados foram coletados?
Para garantir a credibilidade e a precisão das informações apresentadas neste estudo, nossa equipe realizou a coleta de dados a partir de fontes públicas, verificadas e amplamente reconhecidas no cenário esportivo e jornalístico brasileiro. Foram utilizadas matérias e comunicados oficiais publicados em portais de grande circulação como ge.globo, Lance, UOL Esporte e MKT Esportivo, além dos sites institucionais dos próprios clubes e casas de apostas envolvidas.
O levantamento envolveu a comparação direta dos patrocinadores das camisas principais (patrocínio master) de todos os clubes das Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro nos anos de 2024 e 2025. Também foi realizada a coleta de valores estimados de contrato quando disponíveis, priorizando dados divulgados oficialmente ou por veículos com histórico de apuração confiável. As análises foram organizadas e tratadas em planilhas para garantir padronização e facilitar a identificação de padrões e insights relevantes.

10 maiores contratos de casas de apostas em 2025
Patrocínio a Clubes de Futebol
Com base na análise comparativa entre os anos de 2024 e 2025, observamos um movimento claro de consolidação das casas de apostas como patrocinadoras do futebol brasileiro. A regulamentação do setor trouxe maior segurança jurídica e visibilidade, o que impulsionou o interesse das marcas em investir nos clubes, principalmente na elite do futebol nacional.
Já em 2024, praticamente todos os clubes da Série A do Brasileirão tinham como patrocinador master uma casa de apostas, entretanto, em 2025, este número passou a ser ainda mais absoluto.
Abaixo, destacamos os principais pontos identificados por divisão:

Clubes com patrocínio master de bets (2024 x 2025)
Série A
Em 2024, 5 clubes não possuíam patrocínio de casas de apostas.
Em 2025, esse número caiu para apenas 2 clubes.
Houve uma redução de 60% no número de clubes sem patrocínio do setor de apostas.
Isso reflete uma quase total penetração das casas de apostas na elite do futebol.
Dos clubes que não possuem patrocínio master de casas de apostas em 2025, Red Bull Bragantino tem como patrocinador o energético da companhia, e o Mirassol conta com o patrocínio master do Guaraná Poty. Entretanto, mesmo sem o patrocínio master, ambos os times também possuem parcerias com casas de apostas e estampam em suas camisas as marcas Betfast e Bet7k, respectivamente.
Este cenário só consolida ainda mais a presença unânime de casas de apostas no futebol brasileiro.
Série B
Embora tenha havido uma leve retração na quantidade de clubes patrocinados por casas de apostas na Série B entre 2024 e 2025, a divisão continua sendo uma vitrine relevante para marcas que buscam visibilidade regional e engajamento com torcidas locais.
Em 2024, 15 clubes tinham patrocínio de casas de apostas.
Em 2025, esse número caiu para 13 clubes.
A retração pode indicar um foco das casas de apostas em clubes de maior audiência.
Sinaliza uma possível redistribuição de verba para mídia tradicional ou clubes da Série A.
Série C
Em 2024, 11 clubes eram patrocinados por casas de apostas.
Em 2025, o número subiu para 13 clubes.
O aumento mostra o interesse de marcas menores em conquistar visibilidade regional.
Demonstra uma tendência de capilarização de investimentos.
Valores dos Contratos: Comparativo 2024 x 2025 (Série A)
Os dados de valor médio dos contratos de patrocínio dos clubes da Série A revelam um cenário de estabilidade entre os anos analisados. Em 2024, a média dos contratos era de R$ 63,77 milhões, enquanto em 2025 esse valor passou para R$ 63,82 milhões, um crescimento de apenas 0,08%.
Entretanto, é preciso avaliar que alguns contratos em 2024 representavam um valor muito acima da média geral dos outros clubes, como o patrocínio da Esportes da Sorte com o Corinthians, que garantia R$ 309 milhões por três anos de contrato e também da Pixbet com o Flamengo, que garantia R$ 105 milhões por ano.
Em uma análise mais detalhada, é possível notar que praticamente todos os contratos receberam aumento nos valores em 2025 ou se mantiveram com valores iguais aos negociados em 2024.

Comparativo valores de patrocínio (2024 x 2025)
Destaque: Clubes com os Maiores Aumentos em Valor de Patrocínio
A análise dos dados revelou que alguns clubes da Série A tiveram aumentos expressivos nos valores de contrato com casas de apostas entre 2024 e 2025, mesmo diante de um cenário regulatório mais rígido. Isso indica que, para algumas marcas, a associação com determinados clubes se tornou ainda mais estratégica.
O Atlético-MG teve o maior salto absoluto: de R$ 18 milhões em 2024 para R$ 60 milhões em 2025. Um crescimento de impressionantes +233%. Isso sugere uma reavaliação significativa do valor da marca do clube e a entrada da H2Bet como patrocinador master.
O Bahia também teve um aumento robusto: de R$ 19 milhões para R$ 40 milhões, representando uma valorização de +110%. Considerando a reestruturação do clube e o apoio do Grupo City, esse aumento reflete a confiança das marcas no potencial de crescimento e visibilidade.
Já Fortaleza, Flamengo e Santos também aparecem como destaques, com crescimentos que vão de +9% a +50%, mostrando que mesmo clubes já consolidados continuam atraindo investimentos crescentes do setor de apostas.

Distribuição de valores de contrato (Série A)
Esse movimento reforça a ideia de que, mesmo em um cenário mais regulado, a valorização da associação com clubes de futebol segue em alta. Associar a marca da casa de aposta com clubes tradicionais que carregam milhões de torcedores e exposição de mídia frequente durante os jogos da Série A é um movimento planejado para reforçar as marcas que patrocinam.
Aumentos em valores dos contratos de patrocínio com casas de apostas pode ser um divisor de águas para muitos clubes do futebol brasileiro. Mais do que apenas uma linha a mais no orçamento, esses recursos têm potencial real de impactar o desempenho esportivo e a gestão dos clubes. Com mais dinheiro entrando, existe a possibilidade para investir em contratações mais qualificadas, manter atletas por mais tempo, modernizar centros de treinamento e até reforçar áreas como marketing, tecnologia e análise de desempenho.
Novas Marcas e Expansão para a Mídia Tradicional
A regulamentação das apostas em 2025 teve como um de seus principais efeitos colaterais o redesenho do panorama competitivo entre as casas de apostas.
Algumas marcas que atuavam em 2024 deixaram o mercado brasileiro por não atenderem aos critérios legais para licenciamento, abrindo espaço para novas empresas ocuparem seus lugares em clubes e ações publicitárias.
Além das trocas de marcas, outro movimento relevante foi a migração de casas de apostas antes exclusivamente digitais para os meios de comunicação tradicionais. O maior exemplo é a Bet365, que historicamente adotava uma estratégia 100% digital e passou, em 2025, a realizar ações de mídia em estádios de futebol, inserções em transmissões esportivas na TV e campanhas com foco institucional em canais de massa.

Placas de publicidade da bet365 em partida do Brasileirão
As empresas que já realizavam ações de marketing em canais de mídia tradicionais como TV, estádios e outros, também passaram por mudanças em seu posicionamento e comunicação. Antes, com publicidades voltadas para benefícios como bônus de boas-vindas e promoções, hoje temos uma comunicação mais voltada para branding.
Confira um exemplo de campanhas comuns antes da regulamentação:
Agora, temos ações voltadas para construção e reputação da marca:
Embaixadores como Reforço de Credibilidade
O uso de celebridades e influenciadores nas campanhas de casas de apostas não é algo incomum. Nos últimos anos, diversos influenciadores digitais firmaram parcerias com empresas. Entretanto, no universo dos esportes, o cenário é ainda mais conectado.
As casas de apostas passaram a investir fortemente em figuras públicas com alta credibilidade e apelo junto ao público brasileiro. Essa mudança estratégica se reflete principalmente na escolha de embaixadores oficiais, um tipo de parceria distinta das ações com influenciadores digitais tradicionais.
Os embaixadores, geralmente ex-jogadores, técnicos ou personalidades consolidadas da mídia esportiva, assumem uma função institucional nas campanhas: representam os valores da marca, participam de eventos promocionais e são associados a ações de branding.
Eles trazem autoridade, conexão emocional com o torcedor e agregam legitimidade às casas de apostas, especialmente em um momento de maior escrutínio regulatório.
Nome | Profissão | Casa de Aposta |
---|---|---|
Zico | Ex-jogador | BETesporte |
Marcos Assunção | Ex-jogador | Betsul |
K9 (Kelvin Oliveira) | Ex-jogador | Aposta Ganha |
Craque Neto | Ex-jogador | Bet7k |
Zé Roberto | Ex-jogador | QGbet |
Kaio Jorge | Jogador | MC Games |
Denílson | Jogador | KTO |
Vini Jr | Jogador | Betnacional |
Renato Gaúcho | Ex-jogador | Betnacional |
Vanderlei Luxemburgo | Ex-técnico | Jogo de Ouro |
Mauro Beting | Comentarista | Lance de Sorte |
Joel Santana | Ex-técnico | BetFusion |
Hulk | Jogador | Bet7k |
Cafu | Ex-jogador | Superbet |
André Henning | Narrador | Bet7k |
A Ameça da Proibição das Publicidades no Futebol
Nos últimos meses, o debate em torno da proibição da publicidade de casas de apostas no futebol brasileiro ganhou força no Congresso. No final de maio de 2025, a Comissão do Esporte do Senado aprovou um projeto que prevê restrições severas à propaganda de empresas de apostas, inclusive em uniformes, estádios, programas esportivos e mídias digitais vinculadas a eventos esportivos.
A reação foi imediata. Clubes das Séries A e B assinaram uma nota conjunta afirmando que a medida, se aprovada, pode causar um verdadeiro colapso no futebol brasileiro. O documento destaca que cerca de 40% das receitas de patrocínio dos clubes vêm do setor de apostas, e que a medida não apenas ameaça a saúde financeira dos times.
Proibição pode Interromper Avanços da Regulamentação
A proibição das casas de apostas como patrocinadores dos clubes é uma mudança que compromete diretamente a sustentabilidade de um ecossistema que, gostemos ou não, passou a depender das apostas como uma das principais fontes de receita.
A verdade é que o futebol brasileiro, historicamente fragilizado financeiramente, encontrou nas bets um aliado para alavancar receitas, modernizar estruturas e atrair talentos. Proibir esse tipo de publicidade sem oferecer uma alternativa viável de reposição de receita pode levar clubes novamente para um cenário de endividamento e má gestão.
A regulamentação aprovada em 2025 já trouxe avanços significativos em termos de transparência, prevenção ao vício e responsabilização das empresas. Marcas como Betano, Betnacional e até a Bet365 vêm adotando estratégias mais institucionais e maduras, com patrocínios consistentes, campanhas em TV e escolha criteriosa de embaixadores, que indicam um desejo de construção de marca responsável.
Censurar esse tipo de atuação pode, na prática, afastar empresas sérias e abrir espaço para operadores menos comprometidos com as boas práticas.
Conclusão
Os dados mostram que a regulamentação não afastou as casas de apostas do futebol brasileiro, pelo contrário, acelerou sua profissionalização e visibilidade. Com o mercado regulamentado, elas não apenas aumentaram sua presença em clubes da Série A, como também refinaram suas estratégias de comunicação e posicionamento.
Em 2025, vemos:
Contratos renovados com altos valores e duração extensa;
Novas marcas investindo no ambiente físico e tradicional;
Expansão para TV aberta e campanhas de massa;
Embaixadores renomados fortalecendo a comunicação institucional.
Tudo isso sinaliza uma mudança no tipo de exposição buscada pelas casas: menos foco em conversão rápida e mais posicionamento institucional e perene. Para o futebol e para o setor, esse é um novo capítulo com investimentos mais estratégicos e sustentáveis.